Meu Nome é Dindi, primeiro longa de Bruno Safadi – que também dirigiu os curtas Na Idade da Imagem ou Projeção nas Cavernas (2002), Uma Estrela pra Ioiô (2003) e Tabu Totem (2005) – tem tudo para ser aclamado em sua estréia nacional, prevista para início do mês que vem. O longa-metragem – que recebeu o prêmio de melhor filme da 11ª Mostra de Tiradentes, realizada em janeiro deste ano – apesar de não ter sido premiado, foi muito bem recepcionado pelo público durante o CineEsquemaNovo2008. Seus méritos são vários: a sensibilidade com que trata a passagem do tempo, o diálogo estabelecido com mestres do cinema, a brilhante forma com que se utiliza dos planos-seqüência, a sublime atuação dos atores. Há ressalvas, que, entretanto, são poucas e talvez passem despercebidas diante de suas qualidades ou, pelo menos, não chegam a comprometer a excelência do filme.
O enredo trata da vida de Dindi (Djin Sganzerla), uma jovem que luta para manter a fruteira herdada da família, diante da competitividade imposta pelo mercado construído nas redondezas. Dindi parece não ver saída para seus problemas e, ao mesmo tempo em que busca conforto nos braços de Marcão (Gustavo Falcão), teme as ameaças feitas por um açougueiro e as visitas constantes que começa a receber de um desconhecido. Assim, a moça parece refugiar-se nas lembranças do passado, enquanto sonha com a melhora em um futuro ainda incerto. Essa nostalgia, misturada com o sonho de modificar uma realidade aparentemente imutável, é composta na tela acompanhada de elementos surrealistas que transmitem admiravelmente ao espectador o sentimento dos personagens com uma profundeza absolutamente incrível. Isso não seria possível, porém, caso a atuação do elenco não fosse cuidadosamente trabalhada. Embora muitas cenas tenham sido filmadas em uma única tomada, são pouquíssimos os momentos em que os atores deixam a desejar. Um dos pontos em que a atuação soa falsa está já no início da estória. Ao contrário do restante do filme, nesse momento, Djin Sganzerla não se entrega totalmente à personagem, pois fuma um cigarro sem tragar, o que torna artificial o fato de Dindi ser uma fumante. Se o cigarro visava demonstrar a aflição da personagem, a presença dele é questionável diante da eficácia da atuação de Djin, cuja angústia seria totalmente perceptível sem ele.
Diretor de uma produção independente e sem recursos estatais, Safadi optou pela utilização de planos-seqüência, a fim de economizar o máximo durante a realização do longa. Influenciado por Stanley Kubrick, Jean-Luc Godard, Federico Fellini e Júlio Bressane, Safadi optou por utilizar uma câmera que acompanha livremente os personagens, fazendo uma referência ao cinema marginal. Suas influências não estão presentes apenas nos métodos de filmagem, mas também na forma como Safadi trata as personagens e, também, na montagem. A falta de esperança que leva Dindi ao desespero, desestruturando-a emocionalmente, era uma maneira comum de abordagem dos personagens que o cinema marginal herdou do cinema novo. Porém, às vezes, parece que o diretor se prende às referências. O diálogo estabelecido entre o cinema de Safadi e o de Godard, por exemplo, prejudica a fluidez do filme e, muitas vezes, antecipa as surpresas da narrativa. Safadi optou por quebrar a seqüência dos planos e inserir uma tela preta com legendas, que divide o filme e numera seus momentos, além de explicar ao espectador previamente o que será tratado nos planos a seguir.
Apesar das ressalvas, Meu Nome é Dindi supera as expectativas principalmente pela sensibilidade com que Safadi trata o tema abordado. Embora já tenha bastante convivência com o meio cinematográfico, não deixa de ser uma surpresa a essência dos sentimentos que o ator consegue transpassar para a tela já em seu primeiro longa-metragem. Embora algumas das opções utilizadas pelo diretor no filme possam ser questionáveis, o fato é que, no todo, elas não se demonstraram prejudiciais para o envolvimento do público com o filme. É quase de não piscar.
O enredo trata da vida de Dindi (Djin Sganzerla), uma jovem que luta para manter a fruteira herdada da família, diante da competitividade imposta pelo mercado construído nas redondezas. Dindi parece não ver saída para seus problemas e, ao mesmo tempo em que busca conforto nos braços de Marcão (Gustavo Falcão), teme as ameaças feitas por um açougueiro e as visitas constantes que começa a receber de um desconhecido. Assim, a moça parece refugiar-se nas lembranças do passado, enquanto sonha com a melhora em um futuro ainda incerto. Essa nostalgia, misturada com o sonho de modificar uma realidade aparentemente imutável, é composta na tela acompanhada de elementos surrealistas que transmitem admiravelmente ao espectador o sentimento dos personagens com uma profundeza absolutamente incrível. Isso não seria possível, porém, caso a atuação do elenco não fosse cuidadosamente trabalhada. Embora muitas cenas tenham sido filmadas em uma única tomada, são pouquíssimos os momentos em que os atores deixam a desejar. Um dos pontos em que a atuação soa falsa está já no início da estória. Ao contrário do restante do filme, nesse momento, Djin Sganzerla não se entrega totalmente à personagem, pois fuma um cigarro sem tragar, o que torna artificial o fato de Dindi ser uma fumante. Se o cigarro visava demonstrar a aflição da personagem, a presença dele é questionável diante da eficácia da atuação de Djin, cuja angústia seria totalmente perceptível sem ele.
Diretor de uma produção independente e sem recursos estatais, Safadi optou pela utilização de planos-seqüência, a fim de economizar o máximo durante a realização do longa. Influenciado por Stanley Kubrick, Jean-Luc Godard, Federico Fellini e Júlio Bressane, Safadi optou por utilizar uma câmera que acompanha livremente os personagens, fazendo uma referência ao cinema marginal. Suas influências não estão presentes apenas nos métodos de filmagem, mas também na forma como Safadi trata as personagens e, também, na montagem. A falta de esperança que leva Dindi ao desespero, desestruturando-a emocionalmente, era uma maneira comum de abordagem dos personagens que o cinema marginal herdou do cinema novo. Porém, às vezes, parece que o diretor se prende às referências. O diálogo estabelecido entre o cinema de Safadi e o de Godard, por exemplo, prejudica a fluidez do filme e, muitas vezes, antecipa as surpresas da narrativa. Safadi optou por quebrar a seqüência dos planos e inserir uma tela preta com legendas, que divide o filme e numera seus momentos, além de explicar ao espectador previamente o que será tratado nos planos a seguir.
Apesar das ressalvas, Meu Nome é Dindi supera as expectativas principalmente pela sensibilidade com que Safadi trata o tema abordado. Embora já tenha bastante convivência com o meio cinematográfico, não deixa de ser uma surpresa a essência dos sentimentos que o ator consegue transpassar para a tela já em seu primeiro longa-metragem. Embora algumas das opções utilizadas pelo diretor no filme possam ser questionáveis, o fato é que, no todo, elas não se demonstraram prejudiciais para o envolvimento do público com o filme. É quase de não piscar.
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Leiam mais sobre o filme e assistam ao trailer em http://meunomeedindi.blogspot.com/
Na foto, Bruno Safadi, diretor do longa, durante debate após exibição do filme durante o CineEsquemaNovo2008, em Porto Alegre.
Foto de Aline Duvoisin
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OBS: Decidi postar coisas antes do meu dia marco de postagem, pois andei umas duas semanas sem atualizar o blog e, com isso, tenho muito sobre o que falar. :p
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