sábado, setembro 27, 2008

Corrigindo

Pessoal... arrumei um detalhezinho no último texto. Para facilitar a vida de quem já leu, quero avisar que cometi um errinho ao informar que o CQC teve início na Espanha. Na verdade, ele começou em 1995 no canal argentino Telefe, e em 1996 foi vendido para a Espanha. Além disso, tem versões dele em mais países do que eu havia citado: Estados Unidos, Israel, Chile, Itália, Uruguai e França.

quinta-feira, setembro 25, 2008

Humor refinado para dar vida à tevê brasileira

Se você nunca viu este moço de terno e óculos escuros aí da foto ou algum outro jovem da mesma faixa etária em performance semelhante, está na hora de sintonizar a televisão na Bandeirantes às 22h15min de segunda-feira. Encabeçados pelo renomado jornalista Marcelo Tas; Rafinha Bastos, Marco Luque, Felipe Andreoli, Danilo Gentili, Rafael Cortez (na foto), Oscar Filho e Warley Santana (o oitavo elemento) agregam boa dose de humor ao noticiar acontecimentos da semana, satirizando celebridades e políticos. Apesar de não ser cem por cento original, o programa – que estreou em março deste ano e foi responsável por dobrar a audiência da Band nas noites de segunda-feira – acrescenta à programação um tipo de humor inédito na televisão brasileira.
A nova atração foi nomeada CQC a fim de não perder a identidade com seus antecessores estrangeiros, entretanto se difere no significado da sigla. O programa teve início na Argentina em 1995 com o nome de Caiga Quien Caiga, e se disseminou por Espanha, Chile, Itália, Israel, França, Uruguai e Estados Unidos, chegando ao Brasil como Custe O Que Custar (ótima tradução, por sinal). Aqui, foi comparado ao Pânico na TV, da Rede TV!, embora tenham pouca semelhança. Ainda que ambos sejam humorísticos, enquanto este utiliza um tipo de humor exagerado para satirizar basicamente celebridades, o CQC emprega um humor elegante, inteligente e refinado para ironizar fundamentalmente a política e os políticos. O objetivo fundamental do programa não é ser engraçado, mas criticar ridiculamente fatos absurdos do nosso cotidiano. Além disso, sua equipe tem o que acrescentar à sociedade, pois traz à tela falcatruas políticas e cobra dos responsáveis mudanças prometidas às comunidades.
Alguns de seus integrantes são atores, outros são conhecidos por suas performances em stand-ups, alguns são jornalistas, mas absolutamente todos são dotados de uma imensurável dose de cara-de-pau. Os repórteres são assaz perspicazes. Apenas o Warley Santana mereceria uma ressalva, pois lhe faltam naturalidade e dinâmica. Talvez seu quadro, Em Foco, não colabore, visto que não tem nada de engraçado. Não haveria apresentador melhor que Marcelo Tas, eis que já tinha incorporado papel semelhante em seu repórter fictício Ernesto Varela, que ironizava personalidades políticas na época da abertura pós-ditadura militar. À bancada, está muito bem acompanhado de Rafinha Bastos, que sempre tem algum comentário relevante, além de engraçado. Entretanto, parece-me dispensável a presença de Marco Luque ao lado dos dois anteriormente citados. Não que o moço não tenha talento, pois seu desempenho no teatro é excelente. Porém, diria que as piadas dele são incoerentes com o programa, pois enquanto o CQC está repleto de humor inteligente, o do Luque beira a imbecilidade.
Além de uma inovação e revitalização à nossa televisão condenada à mesmice, diria que o programa aproxima-se da perfeição. Mas é preciso ter cuidado, pois um passo equivocado pode pôr tudo ladeira abaixo. Enquanto bem dosado, o CQC está excelente, mas basta exagerar nas frivolidades para colocar tudo a perder. Por outro lado, talvez pudesse ousar mais na criatividade e tentar fugir levemente dos critérios estabelecidos por seus antecessores, agregando assim mais originalidade ao programa e aproximando-o ainda mais dos brasileiros.
**********************************************************************************
Rafael Cortez na Festa Farroupilha:
Danilo Gentili expulso do Zoológico:
Danilo Gentili expulso do Congresso:
Proteste Já - Rafinhas Bastos e os cemitérios do DF:

quarta-feira, setembro 24, 2008

3 Efes ousa, mas peca

O professor Aníbal Damasceno Ferreira, da PUCRS, criou a teoria de que a humanidade é movida por três apetites: a fome, o sexo e o fasma. Um de seus alunos afirmou, então, que se tratava da teoria dos três efes. Foi dessa conjectura que surgiu o personagem professor Valadares e toda a trama que confirma suas proposições no novo filme do cineasta gaúcho Carlos Gerbase, 3 Efes. O diretor utiliza as próprias deficiências técnicas em favor da história inusitada, o que agrega leves pitadas de humor ao enredo. Entretanto, algumas das circunstâncias em que a obra foi exibida comprometem a sua relação com o espectador, justamente pela inovação a que ele se propõe.
O longa expõe a história que sustenta a teoria dos três efes a partir da protagonista Sissi (Cris Kessler) que passa por dificuldades financeiras e, portanto, não tem condições de saciar sua fome, tentado superá-la através dos outros apetites. Por meio dela, surge a história de sua tia Martina (Carla Cassapo), uma excelente cozinheira que vive um casamento frustrado com o publicitário Rogério (Leonardo Machado), e acaba se apaixonando pelo papeleiro William (Paulo Rodrigues). Todos esses; somados a Giane (Ana Maria Marnieri), Betinho (Felipe de Paula), Heitor (Fábio Rangel), entre outros; acabam vendo suas rotinas cruzadas enquanto buscam saciar os desejos que acometem a humanidade.
Apesar de ser um drama, o filme tem um quê de comédia utilizando-se, para isso, exatamente de características resultantes de aspectos dos quais a maioria dos cineastas reclama: a falta de verba. 3 Efes teve o mísero investimento de 40 mil reais, tendo sido gravado em digital para poupar os custos com a película e utilizando-se de equipamentos precários de iluminação. Além disso, Gerbase optou por não colocar atores com muita fama no seu filme, elegendo artistas locais, que ensaiaram dois meses antes de gravarem as cenas. Ademais, o filme se utiliza de recursos gráficos que comprovam ainda mais a incorporação de uma estética simples e transforma isso em uma qualidade da obra.
Entretanto, o que é um tributo pode se transformar em falha dependendo do espaço que o espectador escolher para se apropriar do produto. Assim, a grande inovação de lançamento do filme põe a prova sua estética simplista. 3 Efes quebra as tradicionais janelas de exibição, sendo lançado simultaneamente no cinema, na internet, na televisão e em DVD, sem nenhuma adaptação de linguagem. Com isso, relega a preocupação com o público, que tem sua recepção prejudicada em alguns desses meios, exatamente pela ausência da adequação. A idéia é ótima, pois nada melhor do que utilizar mais de uma forma de exibição para potencializar o público e a vida útil do filme. Porém, embora a experiência tenha seu valor pela ousadia, ainda deixa muito a desejar na compatibilização das etapas da cadeia produtiva de produtos audiovisuais e na utilização das ferramentas dos novos meios de exibição, especialmente a internet.
**********************************************************************************
Este filme foi lançado em dezembro do ano passado. Entretanto, devido a seu baixo número de espectadores, creio que ainda vale a pena falar sobre ele. Pretendo escrever algo novo para postar ainda hoje. Porém, devido a minha falta de tempo, por enquanto, fica esta dica.

quarta-feira, setembro 17, 2008

Um nação à beira do abismo

O presidente Evo Morales tem quase 70% de apoio da população, mas ainda assim parece que está a ponto de cair a qualquer momento ou, pelo menos, de mergulhar seu país numa profunda crise. A minoria contrária a seu governo não aceita sua presença no comando do país e vem prejudicando a economia boliviana após ter dado início a manifestações que assolam as cidades onde a presença da oposição é maioria. Embora Morales tenha cometido algumas gafes na relação com seus opositores, estes parecem estar condenando-o a não governar seu próprio país. O paradoxo é que se a oposição estivesse no governo não teria apoio de grande parte da população para poder governar. Assim, parece que o país está imerso em um jogo político que prejudica toda a população, inclusive os que deram início às rixas.
Eleito democraticamente com 53,74% dos votos, contra 28,59% de apoio a seu opositor Jorge Quiroga, Evo Morales tem maior aprovação agora do que quando foi eleito. O referendo realizado no mês passado, confirmando o presidente boliviano no cargo, demonstrou apoio de 67,4% a Morales. A adesão a ele não é surpreendente, eis que é o primeiro índio a chegar à presidência em 183 de independência em um país em que mais de 70% da população é composta pelas duas principais etnias indígenas do país, quéchuas e aimorás, e mestiços. Menos de 30% da população é branca, de origem européia, mas é exatamente essa parte que constitui a classe dominante, que se concentra nas grandes áreas de oposição a Evo. O problema é que é exatamente em algumas dessas áreas e na mão da classe dominante que se situa a riqueza econômica do país.
Para piorar, o enorme apoio não é suficiente para conformar a minoria opositora, e parece estar colocando a Bolívia em um dos momentos de maior enfrentamento político desde a democratização em 1982, que foi antecedida de quatro anos de golpes militares e sucessivas trocas presidenciais. A crise começou no início do governo Morales, mas ganhou força nas últimas semanas, quando opositores fecharam os acessos aos principais centros econômicos do país e invadiram prédios da administração federal. Um dos motivos do enfrentamento é a constituição aprovada pelo governo federal em dezembro do ano passado sem a presença da oposição. O projeto constitucional de Evo esbarra no plano de autonomia empreendido pelas regiões que têm a oposição no governo e precisa ser submetido a um referendo para ser validado.
O referendo do mês passado que manteve Morales no poder também manteve os governadores opositores submetidos à consulta, o que os concede maior força para solicitarem a autonomia. Provavelmente não seria bom para a nação, cuja riqueza se concentra justamente em algumas dessas pequenas áreas, o que provavelmente condenaria o restante ao empobrecimento. Entretanto, parecem poucas as soluções viáveis para pôr fim à situação. É provável que a oposição não saia vitoriosa, pois, além da aprovação interna ao seu governo, o presidente boliviano tem apoio de praticamente toda a América Latina. Não foi à toa que União das Nações Sul-Americanas (Unasul) reuniu seus integrantes nesta terça-feira, no Chile, para encontrar uma solução para o impasse na Bolívia, e rechaçou a conduta da oposição. Todavia, se não ceder em busca do diálogo com os oposicionistas, conselho dado pelo presidente Lula e rejeitado por Morales, a Bolívia pode ser vítima de uma hecatombe cada vez maior e sem previsão de fim. Se o diálogo não levar a lugar nenhum, talvez seja necessária uma maior intervenção de outros países, o que possivelmente seja o que desejam ansiosamente os lá de cima.

quarta-feira, setembro 10, 2008

Rejeição

Parado com um livro na mão, ignoras minha presença. Olho-te sem desviar meus olhos por um segundo sequer. Não digo nada. Não pronuncio uma única palavra. Finges que não percebes minha presença. Pensas que não sei? Corrôo-me de raiva porque teu olhar não transpassa o soslaio. Quando te ignorava, me dissecavas intrigadamente. Agora, que tento desvendar-te, finges que não me vês. Deixa de lado as letras, as palavras, as frases... por mim! Não? Gozarei a busca por algo que me atraia mais. Desfrutá-lo em paz. Teu livro.
_________________________

Por que ficas aí parada, olhando-me sem dizer nada? Me desconcentras. Não vês? Antes, não me olhavas assim, deste jeito, e eu não te olhava assim, de soslaio. Perdes teu tempo e te desgastas ao tentar despir-me sem nem mesmo tocar-me. O que queres que não te dou? O que desejo dar-te, mas não consigo? Por que não te olho como antes te olhava, como me olhas agora, como antes não me olhavas? Será por que não te desejo mais? Não sei. Apenas não quero olhar-te. Deixa-me. Há de haver algo que te atraia mais. Deixa-me em paz a dissecar meu livro.
**********************************************************************************
Sei que estou atrasada, mas pelo menos cheguei. Em breve, mais comentários sobre a cidade potiguar magnífica que visitei. Belezas e infortúnios.

quarta-feira, setembro 03, 2008

Ser jornalista em Natal-RN

Já deveria saber há um bom tempo, mas só agora me dei conta de que sou, de fato, jornalista. Ganhei uma semana de folga para vir para o XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, que está sendo realizado em Natal-RN. Poderia me dedicar exclusivamente à programação do congresso, fazer festa ou ir para a praia todos os dias, mas não. Optei por outras coisas. Bem, claro que cheguei e fui para a praia no primeiro dia, pois precisava espantar o cansaço depois de apenas três horas de sono e seis intermináveis de vôo. É curioso que tenha sido nessa minha primeira caminhada que já vi logo uma matéria me saltando aos olhos. A orla da Praia dos Artistas, uma das praias urbanas de Natal, havia desabado no dia anterior. Em pouquinhos minutos, já havia duas televisões cobrindo o ocorrido acerca de um metro de distância dos meus olhos. Em seguida, descobri que a Assembléia está intensificando as discussões sobre a concorrência do sal chileno ao sal potiguar, que representa 95% do consumo interno brasileiro. Mais tarde, abri o jornal Tribuna do Norte, um dos principais aqui da região, e já fui logo me deparando com avanços pelo fim do nepotismo nos três poderes. Já fui visualizando um boletim de rádio se materializando para a Agência Radioweb, onde trabalho, sobre o tema, que é de interesse de todo o Estado e, de modo geral, inclusive do país. Bom, não resisti. Foi mais forte do que eu. Tive que ligar para os meus colegas e chefes para oferecer a pauta. Não sabia nem se conseguiria entrevistar alguém ainda, mas daria um jeito.... e dei. Liguei para o TCE e, sei lá se por competência ou sorte, consegui marcar uma entrevista com o presidente da corte para uma hora depois, e ainda acompanhada da TV Tropical, representante local da Record, cuja repórter me auxiliou em algumas informações sobre as quais eu não havia tido acesso por não ter estado perto do caso anteriormente. Rapidinho estava com uma pauta e uma entrevista na mão. Bem, alguns podem me achar louca por ser tão prestativa em querer trabalhar enquanto poderia aproveitar o pouco tempo que me resta extra-congresso para desfrutar de uma das águas mais cristalinas da costa brasileira como vocês podem ver aí na foto. Entretanto, há um lado bom de trabalhar por pura gana, num lugar teoricamente 100% lazer. Para chegar até o TCE, caminhei cerca de dois quilômetros à beira mar. Suei um pouco na tarde ensolarada dessa terra extasiantemente quente, é verdade, principalmente depois de subir a "famosa" Ladeira do Sol. Entretanto, depois do sol, da rampa e de 30 minutos de espera, vi como é magnífico trabalhar aqui no TCE. A foto da praia que vocês vêem aqui postada foi batida diretamente do sexto andar do edifício. Depois, já no décimo segundo, no gabinete presidencial, meu colega fotógrafo bem que tentou representar as tardes difíceis que o senhor Paulo Roberto Chaves Alves passa na corte, mas infelizmente a claridade do sol potiguar não o permitiu. As dores de cabeça podem ser muitas, mas com essa vista no final de todos os expedientes, me desculpem, mas não há estresse que resista. Porém, não tenho inveja. Pelo menos não durante meus dias por aqui, em que meu "escritório" de trabalho pode ser muito bem representado pela foto ao lado. Se for sempre assim, eu faço quantas pautas me permitirem com o maior prazer do mundo. Se eu cansar... atravesso a rua.... dou um mergulho e, depois, volto ao trabalho!