domingo, abril 10, 2011

Como se pode definir o cinema latino-americano atual?

Júlio Hernández Cordón, Federico Veiroj e Mónika Wagenberg

Atualmente é bastante comum falar em cinema latino-americano. Porém, quem saberia defini-lo? O tema é extremamente complicado. Apesar de apresentarem diversas características comuns, as distinções entre o que feito em cada um dos países também são muito evidentes. O assunto não poderia ficar de fora do Bafici (Buenos Aires Festival Internacional de Cine Independiente); e não ficou. Tampouco tenderia a ser um tema consensual em seu todo; e, claramente, não foi. Pelo menos não entre os três profissionais de diferentes nacionalidades que participaram da mesa de debates titulada “Nuevos Caminos del Cine Latinoamericano”.

Mónika Wagenberg – colombiana, diretora do Festival de Cine de Cartagena e idealizadora da Cinema Tropical (distribuidora de cinema latino-americano nos Estados Unidos) – abriu a conferencia questionando-se sobre o que ocorre com o cinema latino-americano hoje, quais são as explicações para esta excitação criativa, este boom, esta renovação. Segundo ela, este é um momento de renascimento que começou há cerca de 10 anos e que não tem precedentes históricos e foi marcada principalmente por um filme argentino considerado bastante emblemático por Mónika: “Pizza, Birra, Faso” (Pizza, Cerveja, Maconha), de 1997. Ela cita a rejeição ao passado como uma das principais tendências do cinema latino-americano atual, como a ruptura com o Nuevo Cine Latinoamericano dos anos 1960 e 1970 – que era excessivamente militante, que tinha compromisso social e político, que tinha uma missão muito clara que era a libertação através do cinema. Além disso, Mónika destaca também a reação existente contra o cinema da década de 1980, que, segundo ela, queria claramente seduzir os co-produtores e diretores de festivais europeus com suas alegorias, denúncias, heróis, mártires, com um forte sabor local e muito exotismo. Mas, então, o que definiria o cinema que é feito hoje no nosso continente? “Lo que vemos ahora […] es una preocupación, un compromiso con lo que es real. No es el pasado; es el presente, la cotidianeidad. Lo que vemos también son películas mucho más intimistas, personales, de autor, que no quieren juzgar, películas contemplativas. Son películas de personajes, que tratan espacios interiores, el mundo de los sentimientos, familias rotas o disfuncionales, el tema de alienación.” Como exemplos disso, Mónika cita “Mundo Grua” (Pablo Trapero), “El Vuelco del Cangrejo” (Oscar Ruíz Navia), “Norberto Apenas Tarde” (Daniel Hendler), “La Ciénaga” (Lucrecia Martel), “Hamaca Paraguaya” ( Paz Encina), “Una Semana Solos” (Celina Murga), etcétera.

El Vuelco del Cangrejo

Entre os fatores que colaboraram com as mudanças e transformaram o cinema no que ele é hoje, Mónika menciona o fácil aceso às novas tecnologias, a proliferação de escolas de cinema (principalmente na Argentina) que permitiram certa democratização das pessoas envolvidas na realização de filmes, as leis de cinema que em alguns países (como Brasil, México e Colômbia) permitem que o dinheiro privado chegue às películas independentes devido aos incentivos e isenções fiscais. Entre essas leis, foram destacadas durante o debate os casos da Colômbia e do Brasil, que exigem que as majors que monopolizam as salas de cinema ajudam o cinema nacional e projetos independentes. Porém, a questão é polêmica. Se nos países que não dispões deste tipo de legislação ela é vista como uma vantagem, nas nações onde estão em vigência são alvo de discussões acirradas, pois as majors entram como co-produtoras e podem ganhar dinheiro com isso no caso de que o filme tenha boa bilheteria. Mónika também salienta as co-produções, o acesso a fundos a nível internacional e todos os apoios governamentais (que ainda são, porém, escassos ou totalmente ausentes em alguns países, como na Guatemala). Todas essas mudanças permitem que muitos jovens se aventurem a fazer cinema, além da grande presença de mulheres no campo de cinema independente (à diferença da situação há no resto do mundo), principalmente na Argentina, onde a presença feminina é muito destacada nessa área.

O uruguaio Federico Veiroj, realizador de cinema, diretor dos longas “Acné” (que participou do Bafici 2009) y “La Vida Útil” (que participa da competição internacional no Bafici deste ano), tem uma opinião um pouco distinta. Para ele a unidade, a presença de certas tendências e temas que se repetem não é uma peculiaridade da nossa época, pois considera que isso é algo que sempre ocorre desde de sempre, desde o início da história do cinema. A novidade, para Federico, estaria no movimento pró-festivais que existe em muitos países latino-americanos e também na Europa, o que gera mais demanda e incentiva a produção de mais filmes. Assim como Mónika, o diretor uruguaio também salienta a importância dos cursos universitários de cinema que se desenvolveram em nosso continente nos últimos 15 anos, colaborando para que toda Latinoamérica conheça mais os processos de realização de um filme e que o mito em torno disso se dissolva. Mas ao contrário do que enfatiza a colombiana, para Veiroj o que define o cinema latinoamericano atual é a “mezcla de todos esos integrantes, pero en tanto director y tanto espectador también me gustaría decir que no siento que se estén descubriendo nuevas fórmulas, lo que sí se descubre, y eso es lo más lindo, son nuevos autores”.

Ademais, Veiroj destaca uma particularidade do Uruguai em relação aos outros países latino-americanos. Lá a geração de jovens entre 20 e 27 anos não começou a se dedicar à realização cinematográfica depois das facilidades proporcionadas pela tecnologia e pela evolução dos meios e suportes digitais. Ele afirma que “eso es algo que me parece muy bueno en países como Chile, Argentina, Brasil y México, que generaciones que recién salen de la universidad se estén dedicando al cine. Incluso hay películas de estudiantes egresados que tienen muy buen nivel. Eso es algo que en Uruguay no se ha dado y que a mí como espectador y como uruguayo me gustaría ver. Yo imagino que eso pasará...” Segundo ele, a geração atual que faz cinema no Uruguai está mais próxima dos 30 anos de idade.

La Vida Útil

Se a situação do cinema latino-americano vem melhorando e todo o mundo tem voltado os olhos para o nosso continente hoje em dia, o desenvolvimento não ocorre de forma uniforme. O guatemalteco Julio Hernández Cordón, diretor dos longas “Gasolina” (que recebeu o premio especial do jurado pela seleção oficial internacional do Bafici 2009) e “Marimbas del Infierno” (que participa da competição internacional no Bafici deste ano), parece bastante pessimista respeito a situação do cinema no seu país. Primeiramente, declara não saber definir muito bem o que é o cinema guatemalteco. Segundo ele, “muchos de mis colegas están intentando fotocopiar fórmulas hollywoodianas, sólo que yo siento que esa fotocopiadora que están utilizando no tiene suficiente tinta porque no hay presupuesto para hacer un film con una plataforma de Hollywood”. Com isso, explica, se geram historias que não se decidem entre o cinema de autor e o cinema comercial. Junto a isso, o fato de no existirem leis governamentais que incentivem a atividade cinematográfica complica ainda mais a situação. Cordón recorda que no ano passado foram feitos somente 12 filmes na Guatemala e que foi considerado um recorde, um marco no país. A maioria deles teve investimentos privados que variaram de 5 mil até 70 mil dólares. Outro fator que, de acordo com Cordón, complica a situação do cinema guatemalteco é que os filmes realizados lá são muito locais e, por isso, custam muito para conseguir sair da nação centro-americana. O diretor diz que se sente muito frustrado e que, em alguns momentos, pensa em ir embora da Guatemala, mas logo se dá conta de que todas as histórias que tem para contar estão em seu país e, então, não encontra sentido em deixá-lo. Com todos esses entraves, por que continuar se dedicando a isso? “Lo único que tiene ventaja hacer cine en Guatemala, para mí, es que tengo la libertad total para hacer lo que quiera porque mis películas son tan baratas que no tengo nada que perder. De todos modos la gente no va a ir al cine a verlas, de todos modos no estoy viviendo del cine que hago.”

Las Marimbas del Infierno

Diante disso, para qualquer caso, os festivais surgem como a melhor forma de divulgar, distribuir e exibir esses filmes. Além disso, apresentam a possibilidade de entrarem como co-produtores. Muitos diretores aproveitam os prêmios ganhos nos festivais para terminar seus filmes ou para recuperar o dinheiro investido anteriormente.

sexta-feira, novembro 26, 2010

Vuelo

El avión se despega corriendo sobre las nubes.
Mi cuerpo se desplaza por el cielo dividiéndolo en dos.
¿Dónde están las demarcaciones que tracé para las mitades del cielo?

Mientras veo a una hermosa ciudad alejándose rápidamente
otra ciudad bellísima se me acerca desesperadamente.
La tierra repartida es como un corazón roto, destrozada, incompleta.

Me arrimo al sitio desde donde he partido a medida que me aparto.
Me desvío de mi destino conforme me aproximo de él.
Quisiera descubrir mis límites para el acercamiento y la lejanía.
Todavía no sé si debería haber partido o quedado.

Mi alma se encuentra en el perfecto limbo de los cielos,
deambulando sobre la línea que reparte ese azul infinito indivisible.
Lo fraccionamos de forma racionalmente irracional
para saber qué estrellas pertenecen a cada uno de nosotros.

El avión aterriza uniendo la inmensidad de la tierra a la del cielo
a través del trayecto delineado por mi alma.
Juntos formamos una única unidad inseparable.

segunda-feira, novembro 22, 2010

Cosecha

Hace años encontré una semilla desconocida
El otro día llovió y te mojaste
El broto surgió en tu mirada
Desde el alma de ese desconocido.

sábado, novembro 20, 2010

Silbidos

Acá los pajaritos cantan todos los días;
pero ya casi nadie los escucha.
Sus voces y sus existencias si pierden
en el murmullo de la ciudad,
que nos convierte sordos, mudos y prisioneros.
Acá la música de los pajaritos se la censura a diario.
Se simula que se les regala libertad.
La misma falsa autonomía que dicen dar a los hombres.
Acá los animales chillan desesperados
al lado de los aullidos inaudibles de la humanidad.
Todos se manifiestan sin lograr expresarse
en medio a la mezcla de ruidos
que solo nos permite oír la sirena de las ambulancias,
que salvan vidas a la vez que le quitan el albedrío
a la gente y la naturaleza.

quinta-feira, novembro 18, 2010

Perfume

Meu perfume se soltou do meu corpo
E se apegou a uma nuvem branca e macia.
Meu perfume deslizou milhares de quilômetros
Percorreu os céus em busca do teu olfato.
Meu perfume te envolveu e te arrestou
Te arrastou entre a brandura das nuvens até o sol.

Arquivo

Guardei teus beijos, abraços e sentimentos
Impregnados em recados que me enviastes.
Conservei teus sorrisos, olhares e trejeitos
Enlatados em vídeos mal gravados.
Mantive viva tua pele, tua forma e teus traços
Em fotografias já meio desbotadas.
Preservei resquícios de fragmentos de memória
Mas o mais importante ficou no passado
Do qual o único que resta é nada.

quinta-feira, outubro 28, 2010

Ainda que leve muito tempo

A noite aureolada que invadiu teu espaço e o meu surpreendendo-nos embebidos
O dia que amanheceu tomado de vazio e saudade despertando-nos perdidos
A barca e a maré que nos levam sem rumo até o destino a que ainda não chegamos
O sonho que incertamente seguro guia a corrente devolvendo-nos a razão
As amêndoas castanhas cujo brilho vaga em rota circular atraindo-me dia-a-dia
A voz que me da calma e coragem no meio do turbilhão em que vivemos
O sol que se levanta mais quente e resplandecente conforme passa o tempo
Que me desperta adormecendo-me em sonhos que me reconducem ao caminho
O que seria de nós se as linhas paralelas de fato não se cruzassem?
O que aconteceria se o tempo e o espaço nunca resultassem em simbiose?
Voltaríamos a nos encontrar e a nos perder no meio de tudo e de nada
Para construir a cada encontro paredes mais árduas que jamais se dissoverão...

Caracoles

Tardaron años en brotar y crecer pero se han destrozado en segundos
Las tijeras convirtieron su palpable inmensidad en un infinito inalcanzable
Sin embargo sigue ahí expresada la esencia inmensurable y pura del ser
Que se manifiesta insuficientemente en la rebeldía de los caracoles de tu pelo.

domingo, outubro 24, 2010

Karma

Cada paso mío nos deja una marca
Una marca que nuestros ojos no ven
Pero que la sienten mis plantas y tu alma
Una marca que nos da dolor y nostalgia
Cómo se un cuchillo nos hubiera clavado el corazón
Una marca que la percibimos desde lejos
Mas que se encuentra profundamente retenida
Una marca que intento aliviar soplándola
Que busco alejar y olvidar con mi disfrazada sonrisa
Aunque sepa que jamás se borrará de todo
Porque es nuestro karma cargarla
Por todo que nos resta de existencia.