Estou num período de relembrar velhos momentos. Agora, depois de adulta, tento fazer releituras de um passado sobre o qual pouca coisa recordo. Essa não foi uma decisão que tomei um dia desses e que, a partir de então, passei a viver uma rotina de melancolias. Apenas, casualmente, fui obrigada a refletir sobre meu passado simplesmente porque não havia como não fazê-lo.
Há pouco, escrevi a vocês sobre o filme “Valentín”, do argentino Alejandro Agresti, no qual tive que tentar me colocar no lugar do pequeno menino de nove anos que se depara com a falta de sensibilidade dos adultos. Então, na última sexta-feira, precisei me transportar para sete anos de idade. Decidi pegar um filme que há tempos me chamava atenção na prateleira da locadora: “A Língua das Mariposas”, do espanhol José Luís Cuerda. Certamente não são filmes exatamente semelhantes, pois, embora tenham temáticas um tanto parecidas, seus enredos são totalmente distintos, mas ambos narram a história do ponto-de-vista de uma criança e, por isso, me remeteram ao passado. Entretanto, não quero traçar uma comparação entre ambos, até porque, se fosse o caso, faria uma comparação oposta a que deveria, pois o argentino foi filmado cinco anos depois do espanhol.
Lançado em 1999, “A Língua das Mariposas” é baseado em textos do livro “Qué me quieres, amor?”, de Manuel Rivas. O filme conta a história de Moncho (Manuel Lozano), um menino que, como a maioria das crianças, se depara com o medo de ir, pela primeira vez, à escola. Seu receio não é fortuito; se deve aos boatos de que os professores batiam nos alunos. Contudo, depois de um primeiro dia de aula vexatório, Moncho se surpreende com a maneira como seu professor, Don Gregório (Fernando Fernán Gómez), lida com seu acanhamento, e acaba voltando ao colégio por sua própria vontade. A partir daí, o menino começa uma seqüência encantadora de descobertas sobre o mundo. É incrível a atuação do ator-mirim, que muitas vezes demonstra suas fascinações claramente sem mencionar uma única palavra. A sensibilidade da história é ainda complementada pelo ambiente totalmente bucólico e pelas canções em saxofone, que toca Andrés (Alexis de los Santos), irmão do pequeno garoto.
Moncho tem uma relação muito próxima com três pessoas: seu professor, Andrés e seu colega Roque (Tamar Novas). É junto deles que realiza a maioria de suas descobertas, como a literatura, a música, a natureza, o amor, o sexo e até a política. Depois compartilha algumas descobertas com seus pais, demonstrando uma absurda fascinação pelo que conta. O filme transcorre num tom poético quase em sua totalidade. As interrupções decorrem porque a história se passa no período que antecede a Guerra Civil Espanhola e a ascensão de Francisco Franco ao poder. Com isso, o clima poético se mistura à angustiante perseguição aos republicanos, que são condenados à morte, o desespero dos que ficam sem eles, tendo que condená-los, e a frustração dos que negam seus ideais para se manterem vivos.
O filme trata mais da beleza que antecede o período crítico do que dele próprio, mas impõe reflexões profundas sobre como seria o futuro daquela gente, principalmente dos mais inocentes, condenados a odiar e a condenar aqueles que amam sem entender exatamente por quê. Por isso, voltei ao passado. Para tentar resgatar as emoções e os sentimentos puros que tinha naquela época e ver as situações com olhar de criança. Obviamente, não consegui, pois só consigo vê-las através de minha total experiência até hoje. Porém, é graças a ela que devo a compreensão dessa história aparentemente tão simples, mas demasiadamente profunda.
Há pouco, escrevi a vocês sobre o filme “Valentín”, do argentino Alejandro Agresti, no qual tive que tentar me colocar no lugar do pequeno menino de nove anos que se depara com a falta de sensibilidade dos adultos. Então, na última sexta-feira, precisei me transportar para sete anos de idade. Decidi pegar um filme que há tempos me chamava atenção na prateleira da locadora: “A Língua das Mariposas”, do espanhol José Luís Cuerda. Certamente não são filmes exatamente semelhantes, pois, embora tenham temáticas um tanto parecidas, seus enredos são totalmente distintos, mas ambos narram a história do ponto-de-vista de uma criança e, por isso, me remeteram ao passado. Entretanto, não quero traçar uma comparação entre ambos, até porque, se fosse o caso, faria uma comparação oposta a que deveria, pois o argentino foi filmado cinco anos depois do espanhol.
Lançado em 1999, “A Língua das Mariposas” é baseado em textos do livro “Qué me quieres, amor?”, de Manuel Rivas. O filme conta a história de Moncho (Manuel Lozano), um menino que, como a maioria das crianças, se depara com o medo de ir, pela primeira vez, à escola. Seu receio não é fortuito; se deve aos boatos de que os professores batiam nos alunos. Contudo, depois de um primeiro dia de aula vexatório, Moncho se surpreende com a maneira como seu professor, Don Gregório (Fernando Fernán Gómez), lida com seu acanhamento, e acaba voltando ao colégio por sua própria vontade. A partir daí, o menino começa uma seqüência encantadora de descobertas sobre o mundo. É incrível a atuação do ator-mirim, que muitas vezes demonstra suas fascinações claramente sem mencionar uma única palavra. A sensibilidade da história é ainda complementada pelo ambiente totalmente bucólico e pelas canções em saxofone, que toca Andrés (Alexis de los Santos), irmão do pequeno garoto.
Moncho tem uma relação muito próxima com três pessoas: seu professor, Andrés e seu colega Roque (Tamar Novas). É junto deles que realiza a maioria de suas descobertas, como a literatura, a música, a natureza, o amor, o sexo e até a política. Depois compartilha algumas descobertas com seus pais, demonstrando uma absurda fascinação pelo que conta. O filme transcorre num tom poético quase em sua totalidade. As interrupções decorrem porque a história se passa no período que antecede a Guerra Civil Espanhola e a ascensão de Francisco Franco ao poder. Com isso, o clima poético se mistura à angustiante perseguição aos republicanos, que são condenados à morte, o desespero dos que ficam sem eles, tendo que condená-los, e a frustração dos que negam seus ideais para se manterem vivos.
O filme trata mais da beleza que antecede o período crítico do que dele próprio, mas impõe reflexões profundas sobre como seria o futuro daquela gente, principalmente dos mais inocentes, condenados a odiar e a condenar aqueles que amam sem entender exatamente por quê. Por isso, voltei ao passado. Para tentar resgatar as emoções e os sentimentos puros que tinha naquela época e ver as situações com olhar de criança. Obviamente, não consegui, pois só consigo vê-las através de minha total experiência até hoje. Porém, é graças a ela que devo a compreensão dessa história aparentemente tão simples, mas demasiadamente profunda.
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