Qualquer um que teve infância sabe que não é nada fácil crescer e encarar os problemas da vida. Quando somos pequenos, os adultos nos protegem, mantendo-nos ilhados num mundo de fantasia. Então, de um dia para o outro, tudo aquilo em que acreditávamos desmorona e passamos a não entender mais nada. Enquanto o mundo nos desilude, vamos perdendo a fé em nossas próprias crenças. Quem já não desejou poder viver eternamente na doce infância? Não sendo isso viável, será que seria melhor nos depararmos com toda a realidade do mundo e da sociedade desde que nascemos? Será que teríamos força e maturidade para suportar a verdade? Por outro lado, será que a vida das crianças é realmente tão fácil e feliz assim?
O filme Valentín, dirigido por Alejandro Agresti, faz com que seus espectadores reflitam sobre tudo isso de uma maneira tão interessante quanto dolorosa. Depois dos longas-metragens El hombre que ganó la razón, Buenos Aires Viceversa, La Cruz e El viento se llevó lo que, Agresti decidiu se basear na sua própria infância para contar a história de um menino de nove anos que vive nos anos 60 e que vê suas crenças desabando pouco a pouco de acordo com os problemas que vem enfrentando. O filme é narrado do ponto de vista do garoto Valentín, interpretado por Rodrigo Noya, que vai contando sua própria história e revelando suas angústias de uma maneira tão profunda e verossímil, que parece que estamos em sua pele. A atuação de Rodrigo é tão sublime e cativante, que incita reflexões sobre como uma criança teria a capacidade de absorver tão profundamente a dor de problemas que jamais enfrentou. Ainda mais quando vemos que apesar de lidar com situações com as quais não sabe exatamente como proceder, Valentín demonstra uma maturidade quase irreal para enfrentá-las. Digo quase porque, embora para alguns a sensatez do protagonista possa soar falsa, já me deparei com crianças dotadas de uma compreensibilidade aparentemente tão incrível quanto a dele. Certamente o diretor compôs seu personagem com base nas reflexões que tem hoje de seu passado, o que poderia fazer com que o filme perdesse a ingenuidade das observações da criança enquanto criança. Entretanto, em momento algum o dedo adulto de Agresti artificializa o filme. Intercalando momentos de maturidade com momentos de total incompreensão e inconformismo com a vida, Agresti compõe a criança com ingenuidade na medida certa para dar verossimilhança ao personagem.
Valentín vive com sua avó – que ganha vida através da brilhante atriz espanhola Carmen Maura – pois, desde que seus pais se separaram, sua mãe está desaparecida e seu pai é tão ocupado que dedica pouquíssimo tempo a ele. A única pessoa da família com que o garoto pode contar é sua avó, por isso ele começa a entrar em desespero quando nota que ela não está muito bem de saúde. Ao contrário do que aparenta até aqui, a vida da criança não é feita somente de aflições, mas também de sonhos em relação ao futuro. Valentín passa seus dias treinando para ser astronauta, escutando alguns sucessos do pop rock argentino da época, ouvindo as histórias melancólicas e saudosistas da sua avó e fugindo dela para aprender a tocar piano com seu amigo e vizinho Rufo, que, apesar de ser bem mais velho que Valentín, parece se identificar deveras com ele. Além disso, chama atenção no filme a maneira como Agresti insere questões da sociedade da época – como a chegada do homem ao espaço e o preconceito em relação aos judeus e comunistas – vinculando-as a questões do dia-a-dia da criança e das pessoas que com ela convivem. Em meio a tudo isso, Valentín vai se conhecendo e preparando a narrativa para um final surpreendente.
O filme encanta principalmente por sua simplicidade, pois ainda que aparentemente o filme não deixe nada a desejar em questões de estática e linguagem, o que mais cativa nele é a atuação brilhante dos atores e a naturalidade com que trata um tema tão amargo, que assola a vida de muitas crianças. Não é à toa que foi considerado o melhor filme argentino no ano em foi lançado. É de tirar o fôlego de qualquer um.
O filme Valentín, dirigido por Alejandro Agresti, faz com que seus espectadores reflitam sobre tudo isso de uma maneira tão interessante quanto dolorosa. Depois dos longas-metragens El hombre que ganó la razón, Buenos Aires Viceversa, La Cruz e El viento se llevó lo que, Agresti decidiu se basear na sua própria infância para contar a história de um menino de nove anos que vive nos anos 60 e que vê suas crenças desabando pouco a pouco de acordo com os problemas que vem enfrentando. O filme é narrado do ponto de vista do garoto Valentín, interpretado por Rodrigo Noya, que vai contando sua própria história e revelando suas angústias de uma maneira tão profunda e verossímil, que parece que estamos em sua pele. A atuação de Rodrigo é tão sublime e cativante, que incita reflexões sobre como uma criança teria a capacidade de absorver tão profundamente a dor de problemas que jamais enfrentou. Ainda mais quando vemos que apesar de lidar com situações com as quais não sabe exatamente como proceder, Valentín demonstra uma maturidade quase irreal para enfrentá-las. Digo quase porque, embora para alguns a sensatez do protagonista possa soar falsa, já me deparei com crianças dotadas de uma compreensibilidade aparentemente tão incrível quanto a dele. Certamente o diretor compôs seu personagem com base nas reflexões que tem hoje de seu passado, o que poderia fazer com que o filme perdesse a ingenuidade das observações da criança enquanto criança. Entretanto, em momento algum o dedo adulto de Agresti artificializa o filme. Intercalando momentos de maturidade com momentos de total incompreensão e inconformismo com a vida, Agresti compõe a criança com ingenuidade na medida certa para dar verossimilhança ao personagem.
Valentín vive com sua avó – que ganha vida através da brilhante atriz espanhola Carmen Maura – pois, desde que seus pais se separaram, sua mãe está desaparecida e seu pai é tão ocupado que dedica pouquíssimo tempo a ele. A única pessoa da família com que o garoto pode contar é sua avó, por isso ele começa a entrar em desespero quando nota que ela não está muito bem de saúde. Ao contrário do que aparenta até aqui, a vida da criança não é feita somente de aflições, mas também de sonhos em relação ao futuro. Valentín passa seus dias treinando para ser astronauta, escutando alguns sucessos do pop rock argentino da época, ouvindo as histórias melancólicas e saudosistas da sua avó e fugindo dela para aprender a tocar piano com seu amigo e vizinho Rufo, que, apesar de ser bem mais velho que Valentín, parece se identificar deveras com ele. Além disso, chama atenção no filme a maneira como Agresti insere questões da sociedade da época – como a chegada do homem ao espaço e o preconceito em relação aos judeus e comunistas – vinculando-as a questões do dia-a-dia da criança e das pessoas que com ela convivem. Em meio a tudo isso, Valentín vai se conhecendo e preparando a narrativa para um final surpreendente.
O filme encanta principalmente por sua simplicidade, pois ainda que aparentemente o filme não deixe nada a desejar em questões de estática e linguagem, o que mais cativa nele é a atuação brilhante dos atores e a naturalidade com que trata um tema tão amargo, que assola a vida de muitas crianças. Não é à toa que foi considerado o melhor filme argentino no ano em foi lançado. É de tirar o fôlego de qualquer um.
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Imagem do filme retirada do site http://www.interfilmes.com/filme_14704_Valentin-(Valentin).html.
OBS: Mañana voy a traducir ese texto al español para que ustedes, amigos castellanos, lo compreendan mejor. Besotes!
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