Uma porta cinza fria. Porém, basta abri-la para ver uma realidade totalmente oposta à remetida por aquele pedaço de madeira que separa um cômodo de outro. O ambiente convida à psicanálise. Não somente por um quarto mostrar bastante sobre a personalidade de uma pessoa, mas também porque Freud está presente por todos os lados, em páginas e mais páginas. Na parede ao lado da porta, um espelho grande – daqueles que reflete o corpo inteiro de uma pessoa – com um leãozinho pendurado no canto superior direito. O bichinho tem um coração vermelho na ponta do rabo e outro no peito. Um animal selvagem e valente, mas com um quê de meiguice. No canto esquerdo superior do espelho, coladas na parede, uma meia-lua e estrelas que brilham no escuro quebram um pouco as situações chatas do dia-a-dia e possibilitam à garota sonhar.
Ao lado do espelho uma mesinha branca de computador, antiga, transformada em escrivaninha. Livros como O corpo fala e Como trabalha um psicanalista mesclam características adultas de uma pessoa que já é quase capaz de analisar alguém psicologicamente com elementos trazidos da infância e da adolescência. Em cima da mesa, representando esse passado, um arquivo cuja capa tem uma menina, ainda criança, usando um chapelão rosa com bolinhas brancas, que lhe cobre o rosto, envolto por uma fita azul. Ao lado, uma lixeira minúscula, cor de rosa, e um ursinho verde de porcelana que segura lembretes. Uma jovem estudante de psicologia que parece ainda não ter decidido se cresceu o bastante para se tornar adulta ou se prefere a realidade infantil. Ainda que num espaço não tão extenso, Kelly ainda deixa vivos resquícios de sua infância e sua adolescência, convivendo e dividindo lugar com a adulta de agora.
A primeira impressão é de um quarto infantil. Apesar do edredom florido, azul, amarelo e branco, que dá um tom de jovialidade, os primeiros objetos a saltarem aos olhos de quem entra no seu quarto são bonecas e ursos que cobrem a cabeceira da sua cama branca. Em meio às cobertas, aconchegado a um travesseiro, um coração vermelho com asas brancas. Alguém que já pode amar. O que se confirma pelos dois porta-retratos com fotos dela ao lado do namorado, postos na cabeceira da cama. O rostinho sensual das fotos contrasta com os brinquedos ao lado. Na mesinha de cabeceira branca, localizada ao lado da cama, um telefone coberto de recortes de revista traz à tona elementos da adolescência. Uma toalhinha de crochê amarela cobre o criado-mudo, onde, junto com o telefone, há um abajur cor-de-rosa, combinando com a escova de cabelo, e uma bonequinha de porcelana.
A mistura de cores dos móveis não padronizados, os colchões encostados em uma das paredes e o pequeno guarda-roupa cheio de coisas em cima representam bem a menina interiorana que deixou a família para traz em busca de uma possibilidade melhor de estudos na capital. Alguém cuja maturidade e responsabilidade ainda não estão completamente formadas, mas que, aos poucos, vão delineando-se. A saudade da família está bem representada em fotografias. Em cima da estante do computador, há um porta-retrato, em que um ímã em forma de envelope, selado com um coração, prende a foto de Kelly entre seus pais. Logo abaixo, no mesmo porta-retrato, a família reunida: pai, mãe, irmão, irmã, ela e a avó, rodeados por três ímãs amarelos em forma de coração. Ao lado está o irmão, Guto, acompanhado do cunhado, namorado de Kelly. A infância também é mantida, através de fotos, bem próxima de si. Em um porta-retrato rosa cheio de desenhos de flores amarelas e vermelhas e, ainda, uma bonequinha toda colorida, Kelly, ainda bebê, dá gargalhadas no meio de vária almofadas. Essa foto contrasta com sua imagem sentada no colo do namorado com um sorriso para lá de meigo.
Abaixo, na mesma estante, cremes, perfumes, bijuterias e presilhas de cabelo convivem amigavelmente com os livros da época de colégio, dicionários e alguns livros de agora. Escondido, lá atrás das coisas, um coração almofada vermelho. Em cima de uma pilha de livros, nota-se uma revista da Avon. Uma pessoa já capaz de ser uma boa, ou má, vendedora. Em detalhes, objetos representam o oposto. Ao lado do computador há um casal de porcelana sentado numa cama de ferro. Eles usam roupas antigas e a menina segura um ursinho de pelúcia. Perdido no meio dos materiais de estudo, um urso Panda segura um coração vermelho.
Um quarto de uma menina-mulher que quebra a dureza e a frieza da vida adulta com detalhes alegres do passado. Alguém apaixonada ao extremo. Se não pela vida ou pelas pessoas, pelo menos por corações, que estão presentes em todos os cantos do seu quarto. Mas madura. Uma garota que parece ainda não ter determinado se quer realmente crescer. Talvez tente entender os outros através da psicologia em busca de compreender a si mesma.
Ao lado do espelho uma mesinha branca de computador, antiga, transformada em escrivaninha. Livros como O corpo fala e Como trabalha um psicanalista mesclam características adultas de uma pessoa que já é quase capaz de analisar alguém psicologicamente com elementos trazidos da infância e da adolescência. Em cima da mesa, representando esse passado, um arquivo cuja capa tem uma menina, ainda criança, usando um chapelão rosa com bolinhas brancas, que lhe cobre o rosto, envolto por uma fita azul. Ao lado, uma lixeira minúscula, cor de rosa, e um ursinho verde de porcelana que segura lembretes. Uma jovem estudante de psicologia que parece ainda não ter decidido se cresceu o bastante para se tornar adulta ou se prefere a realidade infantil. Ainda que num espaço não tão extenso, Kelly ainda deixa vivos resquícios de sua infância e sua adolescência, convivendo e dividindo lugar com a adulta de agora.
A primeira impressão é de um quarto infantil. Apesar do edredom florido, azul, amarelo e branco, que dá um tom de jovialidade, os primeiros objetos a saltarem aos olhos de quem entra no seu quarto são bonecas e ursos que cobrem a cabeceira da sua cama branca. Em meio às cobertas, aconchegado a um travesseiro, um coração vermelho com asas brancas. Alguém que já pode amar. O que se confirma pelos dois porta-retratos com fotos dela ao lado do namorado, postos na cabeceira da cama. O rostinho sensual das fotos contrasta com os brinquedos ao lado. Na mesinha de cabeceira branca, localizada ao lado da cama, um telefone coberto de recortes de revista traz à tona elementos da adolescência. Uma toalhinha de crochê amarela cobre o criado-mudo, onde, junto com o telefone, há um abajur cor-de-rosa, combinando com a escova de cabelo, e uma bonequinha de porcelana.
A mistura de cores dos móveis não padronizados, os colchões encostados em uma das paredes e o pequeno guarda-roupa cheio de coisas em cima representam bem a menina interiorana que deixou a família para traz em busca de uma possibilidade melhor de estudos na capital. Alguém cuja maturidade e responsabilidade ainda não estão completamente formadas, mas que, aos poucos, vão delineando-se. A saudade da família está bem representada em fotografias. Em cima da estante do computador, há um porta-retrato, em que um ímã em forma de envelope, selado com um coração, prende a foto de Kelly entre seus pais. Logo abaixo, no mesmo porta-retrato, a família reunida: pai, mãe, irmão, irmã, ela e a avó, rodeados por três ímãs amarelos em forma de coração. Ao lado está o irmão, Guto, acompanhado do cunhado, namorado de Kelly. A infância também é mantida, através de fotos, bem próxima de si. Em um porta-retrato rosa cheio de desenhos de flores amarelas e vermelhas e, ainda, uma bonequinha toda colorida, Kelly, ainda bebê, dá gargalhadas no meio de vária almofadas. Essa foto contrasta com sua imagem sentada no colo do namorado com um sorriso para lá de meigo.
Abaixo, na mesma estante, cremes, perfumes, bijuterias e presilhas de cabelo convivem amigavelmente com os livros da época de colégio, dicionários e alguns livros de agora. Escondido, lá atrás das coisas, um coração almofada vermelho. Em cima de uma pilha de livros, nota-se uma revista da Avon. Uma pessoa já capaz de ser uma boa, ou má, vendedora. Em detalhes, objetos representam o oposto. Ao lado do computador há um casal de porcelana sentado numa cama de ferro. Eles usam roupas antigas e a menina segura um ursinho de pelúcia. Perdido no meio dos materiais de estudo, um urso Panda segura um coração vermelho.
Um quarto de uma menina-mulher que quebra a dureza e a frieza da vida adulta com detalhes alegres do passado. Alguém apaixonada ao extremo. Se não pela vida ou pelas pessoas, pelo menos por corações, que estão presentes em todos os cantos do seu quarto. Mas madura. Uma garota que parece ainda não ter determinado se quer realmente crescer. Talvez tente entender os outros através da psicologia em busca de compreender a si mesma.
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