quinta-feira, junho 10, 2010

Buenos Aires, a cidade que sempre surpreende

Buenos Aires é mesmo incrível. Quando a gente acha que conhece minimamente a cidade, aparece algo profundamente surpreendente. Minha mudança para cá completou minha sexta vinda à capital portenha e, ainda assim, a cidade continua me pegando de surpresa.

No último sábado, saí para encontrar um amigo mexicano que estava com outro amigo mexicano e com outros argentinos em um restaurante mexicano de Palermo. Saímos rumo a Plaza Serrano ou Plaza Cortázar, como vocês preferirem. Ficamos alguns minutos passando frio, sentados na única mesa que encontramos do lado de fora de um bar. Os amigos argentinos do amigo mexicano foram embora. Chegou um amigo meu brasileiro que trazia outro amigo brasileiro. Fomos procurar um bar brasileiro. Não me pergunte por que um brasileiro vem para Argentina para ir a um bar brasileiro, pois eu me faço a mesma pergunta todas as vezes que quase todos os brasileiros que chegam aqui procuram um lugar... brasileiro! Perdidos, pedimos informação para um grupo de gurias “muy amables” que nem sequer diminuíram a velocidade dos passos. Acabamos encontrando, por indicação, um outro estabelecimento brasileiro que tinha mais cara de restaurante... Enfim, o dono do tal bar, restaurante, estabelecimento ou o que quer que seja(brasileiro, claro) nos explicou a localização do primeiro bar brasileiro que buscávamos. Ele estava exatamente no ponto de onde partimos para procurá-lo. Talvez vocês pensem: “dã, boludos”! Na hora, confesso que foi isso mesmo que pensei, mas nunca se sabe o que nos reservam os próximos minutos ou horas...

Nisso meu amigo mexicano propôs que fôssemos a um bar chamado “La Puerta Roja” (em português seria A Porta Vermelha), em San Telmo, ou seja, estava a alguns bons bairros de onde nos encontrávamos. Tivemos então a brilhante idéia de pegar um ônibus (já eram 2h30min da madruga), mas não levou cinco minutos para que mudássemos de idéia e pegássemos um táxi. Chegando na frente da Porta Roja, uma filinha considerável, pensável, tentadoramente desistível. Ficamos. Chegavam uns, saiam outros, tocavam a campainha e o papo do cara era sempre o mesmo: “bajan dos, suben dos” ou “salen dos, entran dos” ou “sólo entra alguien, cuando alguien baja/sale”. E assim perdemos mais de 40 minutos na fila, fizemos amizades, vimos dois desconhecidos se beijarem na boca a troco de nada, presenciamos um beijo de duas garotas, estivemos na presença de colombianos, franceses, ianques, bariloches... opa, argentinos. Entramos.

O bar era absurdamente receptível.... ou melhor dizendo... as pessoas eram inacreditavelmente abertas. Entramos na Puerta Roja umas 3h30min da manhã, pelo menos. Tínhamos até as 4h30min, estourando 5h para sermos enxotados. Quando vi, as luzes se acenderam. Então, alguém falou em ir num tal de Bar do Julio, para comer empanadas. Pensei em algo fim de noite... agora comemos e vamos embora... mas a noite estava apenas começando às 5h da manhã. Digo apenas começando porque, para mim, a verdadeira noite só iniciou quando chegamos ao tal bar.

Paramos mais de dez pessoas (a maioria tinha se conhecido nesta noite mesmo, na Puerta Roja) na frente de um lugar gradeado, aparentemente parecia um mercadinho fechado, escuro e que dizia na porta “favor no golpear, cerrado al público”. Batemos igual. Lá de dentro surge um cara de uns 60 anos (bom, talvez um pouco menos...) com um bigode de samurai. Abre um pedacinho da grade por onde temos que passar por baixo, dá um beijo em cada um dos que entram e vemos um... bar clandestino! Três mesas de sinuca, várias mesinhas com cadeiras ao redor para sentarmos, cerveja, empanadas (aliás, uma das melhores que já comi), panchos, fumaça de cigarro por todos os lados.
Conversamos até umas 8h da manhã, quando o Julio abriu a grade para sair e vimos que já era dia. Decidimos ir embora. Eu e os dois mexicanos, pois o resto já tinha se mandado fazia tempo. Um deles mora aqui e perto da minha casa. O outro era amigo deste e estava em Buenos Aires a trabalho, ficando (naquele dia) na casa do amigo. Pegamos um ônibus e fomos até a casa deles, onde comemos um belo e saboroso omelete de queijo, torradas, suco de laranja e café! Então estava recuperada para caminhar umas sete quadras até em casa e dormir até às 17h!

Onde fica o tal bar? Segredo! Pergunte por aí pelas ruas de Buenos Aires, mas eu duvido que alguém saberá responder. Como dizem por aqui... ¡SUERTE!

Bela noite, não?

4 comentários:

Unknown disse...

Encantado de leer el mejor resumen que podría encontrar de mi bienvenida a Buenos Aires. Sólo me queda preguntar, cuándo la siguiente fiesta????

Aline Duvoisin disse...

Jajaja! Pronto vuelva de Brasil (el lunes por la noche), planificamos algo para la próxima semana. ¿Así que entendiste todo aunque en portugués?

åUgü§tØ disse...

um relato increível! una noche excepcional!

Mari Dutra disse...

alinaaaa, estarei por aí muito em breve e esse textinho fez meus olhos brilharem. adoro clandestinindade. obrigo-te a me levar! beijos