Eis que fui numa outra formatura. Odeio formaturas. Em especial essa, da história. Não exatamente por ser da história.
Foi no sábado, 18 de fevereiro de 2006. Acreditávamos que seria às 18h30min. E para lá fomos, para o salão de atos da Ufrgs. Eu e o Felipe, meu namorado. Eu me equilibrando em cima de um tamanco com um salto minúsculo, emprestado da mãe do Fipa, já que eu tinha ido para a casa dele sem nenhuma preparação para uma “festa”. Depois de ter atravessado, cambaleando na sandália, a Oswaldo Aranha, chegamos. Olhamos à procura do meu irmão e de sua namorada, que lá também deveriam estar. Somente rostos desconhecidos. Procuramos um lugar e sentamos, mas não ficamos nem cinco minutos. Foi o tempo de um dos alunos agradecer pela sua formação como bibliotecário. Nos olhamos, ao mesmo tempo, rindo e decepcionados. A formatura que queríamos era às 21h. No mesmo dia. No sábado, 18 de fevereiro de 2006. No dia do show, no Brasil, da última turnê dos Rolling Stones. Mas como disse, mais tarde, um dos formandos “A Ufrgs tem um calendário de formaturas. Fazer o que...”. Eu ainda tinha esperanças de que a cerimônia acabasse cedo, mas não. Saímos de lá às 24h. Quando entramos em casa o show acabara há pouquíssimos minutos. Em vez de assistir “meus queridos” cantando “Satisfaction”, I really could get no satisfaction.
Mas o evento foi legal. Fora o fato de que eu ter ficado lá sentada durante três horas ouvindo alguns proclamarem seus ideais e outros, na platéia, debocharem. Quando achei que tudo estava acabado, chamaram o professor homenageado, mas para minha felicidade ele disse que os alunos haviam roubado seu discurso. Oba, pensei, agora ele não vai ter quase nada pra falar. Triste engano. Fiquei mais, no mínimo, meia hora ouvindo um blá-blá-blá acerca das cotas nas universidades e um idealismo que só o clã deles entende sobre “educação para todos”, “temos que lutar por isso” e talz. Talvez, como já disse o Longhi, o dever dos professores devesse ser, de fato, ensinar e educar em qualquer circunstância, assim como os médicos prestam juramento ao se formarem, deixando claro que seu dever é lutar pela vida seja em que circunstância for. Mas dizia o Longhi que os professores tornaram-se como ele, insensíveis, e abandonaram seus ideiais e que, além disso, demonstram isso a cada greve em que lutam por um “miserê” de aumento em seus salários preterindo os alunos com sede de aprender. Mas será que, se os professores deixaram de lado seus ideais, os alunos ainda continuam sendo aqueles tão sonhados estudantes curiosos e dedicados que querem aprender a todo custo e circunstância? Acho que não. Acho, como foi dito milhões de vezes na formatura da história, que a educação é um direito de todos, mas também acho que as cotas nas universidades resolvem parte do problema e ignoram o cerne da questão. Se você construir uma casa cheia de detalhes em cima de uma base mal estruturada, não adianta nada, porque, com o tempo, a base deteriorar-se-á e a beleza que está ao alcance dos nossos olhos vai por água abaixo. Resumindo, tapa-se o sol com a peneira. Talvez a comparação seja ridícula, mas quantos dizem coisas absurdas com as quais milhões de pessoas concordam?! Pelo menos eu acredito nas coisas, para alguns ridículas, que digo, pior os que dizem sem nem entender, copiam de outro sem nem acreditar. Talvez eu já tenha fugido do que eu realmente quero dizer, mas estou tentando chegar lá, enquanto fujo do meu rotineiro trabalho. Faltam-me coisas pra fazer, por isso escrevo. Deveria fazê-lo sempre. São muitas idéias, mas tantos motivos para evitar pô-las no papel. Eis que já estou aqui. Enrolando.
A questão é que fiquei naquela cerimônia “desumana” durante um tempão, ouvindo coisas que eu realmente não estava com vontade de ouvir. Muitos, creio eu que a maioria da população, querem que todos tenham educação, querem que os políticos sejam mais sensatos e honestos, querem que o país, não seja o melhor de todos, seja agradável e que faça nós sentirmos um pouco de orgulho dele. Mas é engraçado ver os sonhos de tanta gente serem separados por facções ridículas. Ver algum partido que tenha um ideal grande e bom repartir-se por, às vezes, peculiaridades insignificantes, que fazem a maior parcela desistir de lutar, com a força necessária, para atingir um objetivo maior, mais importante e significante. Assim, o povo divide-se em grupos minúsculos e com pouca força, deixando de se aliarem em busca de um grande ideal. Mais ou menos assim me senti naquela formatura. Enquanto uns falavam, outros na platéia riam, debochando das “besteiras” que os que estavam no palco falavam. Mas quem pensa realmente besteiras? E quem determina se uma coisa é besteira ou não? O que me irritou foi que muita gente que não estuda história provavelmente tem ideais em comum, mas eles fecham-se tanto no “mundinho” deles que acabam isolando o resto sem nem perceber. Não estou direcionando isso apenas aos historiadores, formados ou em formação, apenas citei-os porque presenciei-os durante um tempo suficiente para me indignar. Não com eles especificamente, mas com as pessoas de modo geral. Porém, é provável que eu tenha ficado deveras chateadas com o show que eu já tinha me programa há um tempo para ver e não vi.
Retrocedendo, sobre o Longhi e a greve dos professores, não si se a paralisação é deles é valida. Acho que eles sentem-se injustiçados, não todos, alguns deles. Porque, infelizmente, não são todos que tem boas intenções com a greve. Sabemos bem que muita gente que trabalha em serviço público faz para ter serviço mole, já que no serviço privado, teoricamente, se não cumprimos nossa obrigação somos imediatamente “despejados”. Entretanto, no serviço público não é tão mole assim. Enquanto milhões de pessoas rezam todos os dias, pedindo ao Deus que nem sabem bem se existe ou não, emplorando para que um trabalho surja, assim, repentinamente, outras ficam lá “coçando” durante o trabalho e não podem ser demitidas assim, do nada, porque prestaram concurso público. Desculpem-me, mas eu me indigno sim! Me indigno porque todos os movimentos sociais que têm boas chances de darem certo e chegarem a algum lugar contaminam-se pelo caminho, assim como os políticos, assim como o nosso “querido” Lula.Porém, vejo muita gente reclamando do ponto de vista dos alunos, que ficarão sem aula e enquanto muitos deles vão para a televisão dizer que lamentam a greve porque estão perdendo dias de aula, quando, na verdade, não estam nem aí para o aprendizado. De novo, não estou generalizando. Há, sim, exceções.
É isso tudo o que me incomoda. E o que me deixou deveras “atormentada” na formatura. Um monte de gente jurando amor e dedicação a profissão, quando muitos já se formam com o intuito de passar os outros para trás ou, quem sabe, ganhar a vida de um jeito fácil. Na verdade, muitos nem estão preocupados com a educação. Quem dera estivessem. A verdade é que é minúscula a quantidade de gente daquela turma que realmente lutará até o fim dos seus dias pelo que acha correto. De dinheiro todo mundo precisa, mas o que vale é quem une seus interesses e as coisas pelas quais quer lutar. E pra isso é preciso muita sabedoria.
Já falei de milhares de coisas num texto só. Talvez pareçam desconexas, mas, na minha cabeça, estão deveras ligadas entre si. Enfim, perdi meu show para ouvir milhares de idelizações de coisas que talvez jamais se realizem. Pelo menos, estava muitíssimo bem acompanhada. Melhor, impossível.
Foi no sábado, 18 de fevereiro de 2006. Acreditávamos que seria às 18h30min. E para lá fomos, para o salão de atos da Ufrgs. Eu e o Felipe, meu namorado. Eu me equilibrando em cima de um tamanco com um salto minúsculo, emprestado da mãe do Fipa, já que eu tinha ido para a casa dele sem nenhuma preparação para uma “festa”. Depois de ter atravessado, cambaleando na sandália, a Oswaldo Aranha, chegamos. Olhamos à procura do meu irmão e de sua namorada, que lá também deveriam estar. Somente rostos desconhecidos. Procuramos um lugar e sentamos, mas não ficamos nem cinco minutos. Foi o tempo de um dos alunos agradecer pela sua formação como bibliotecário. Nos olhamos, ao mesmo tempo, rindo e decepcionados. A formatura que queríamos era às 21h. No mesmo dia. No sábado, 18 de fevereiro de 2006. No dia do show, no Brasil, da última turnê dos Rolling Stones. Mas como disse, mais tarde, um dos formandos “A Ufrgs tem um calendário de formaturas. Fazer o que...”. Eu ainda tinha esperanças de que a cerimônia acabasse cedo, mas não. Saímos de lá às 24h. Quando entramos em casa o show acabara há pouquíssimos minutos. Em vez de assistir “meus queridos” cantando “Satisfaction”, I really could get no satisfaction.
Mas o evento foi legal. Fora o fato de que eu ter ficado lá sentada durante três horas ouvindo alguns proclamarem seus ideais e outros, na platéia, debocharem. Quando achei que tudo estava acabado, chamaram o professor homenageado, mas para minha felicidade ele disse que os alunos haviam roubado seu discurso. Oba, pensei, agora ele não vai ter quase nada pra falar. Triste engano. Fiquei mais, no mínimo, meia hora ouvindo um blá-blá-blá acerca das cotas nas universidades e um idealismo que só o clã deles entende sobre “educação para todos”, “temos que lutar por isso” e talz. Talvez, como já disse o Longhi, o dever dos professores devesse ser, de fato, ensinar e educar em qualquer circunstância, assim como os médicos prestam juramento ao se formarem, deixando claro que seu dever é lutar pela vida seja em que circunstância for. Mas dizia o Longhi que os professores tornaram-se como ele, insensíveis, e abandonaram seus ideiais e que, além disso, demonstram isso a cada greve em que lutam por um “miserê” de aumento em seus salários preterindo os alunos com sede de aprender. Mas será que, se os professores deixaram de lado seus ideais, os alunos ainda continuam sendo aqueles tão sonhados estudantes curiosos e dedicados que querem aprender a todo custo e circunstância? Acho que não. Acho, como foi dito milhões de vezes na formatura da história, que a educação é um direito de todos, mas também acho que as cotas nas universidades resolvem parte do problema e ignoram o cerne da questão. Se você construir uma casa cheia de detalhes em cima de uma base mal estruturada, não adianta nada, porque, com o tempo, a base deteriorar-se-á e a beleza que está ao alcance dos nossos olhos vai por água abaixo. Resumindo, tapa-se o sol com a peneira. Talvez a comparação seja ridícula, mas quantos dizem coisas absurdas com as quais milhões de pessoas concordam?! Pelo menos eu acredito nas coisas, para alguns ridículas, que digo, pior os que dizem sem nem entender, copiam de outro sem nem acreditar. Talvez eu já tenha fugido do que eu realmente quero dizer, mas estou tentando chegar lá, enquanto fujo do meu rotineiro trabalho. Faltam-me coisas pra fazer, por isso escrevo. Deveria fazê-lo sempre. São muitas idéias, mas tantos motivos para evitar pô-las no papel. Eis que já estou aqui. Enrolando.
A questão é que fiquei naquela cerimônia “desumana” durante um tempão, ouvindo coisas que eu realmente não estava com vontade de ouvir. Muitos, creio eu que a maioria da população, querem que todos tenham educação, querem que os políticos sejam mais sensatos e honestos, querem que o país, não seja o melhor de todos, seja agradável e que faça nós sentirmos um pouco de orgulho dele. Mas é engraçado ver os sonhos de tanta gente serem separados por facções ridículas. Ver algum partido que tenha um ideal grande e bom repartir-se por, às vezes, peculiaridades insignificantes, que fazem a maior parcela desistir de lutar, com a força necessária, para atingir um objetivo maior, mais importante e significante. Assim, o povo divide-se em grupos minúsculos e com pouca força, deixando de se aliarem em busca de um grande ideal. Mais ou menos assim me senti naquela formatura. Enquanto uns falavam, outros na platéia riam, debochando das “besteiras” que os que estavam no palco falavam. Mas quem pensa realmente besteiras? E quem determina se uma coisa é besteira ou não? O que me irritou foi que muita gente que não estuda história provavelmente tem ideais em comum, mas eles fecham-se tanto no “mundinho” deles que acabam isolando o resto sem nem perceber. Não estou direcionando isso apenas aos historiadores, formados ou em formação, apenas citei-os porque presenciei-os durante um tempo suficiente para me indignar. Não com eles especificamente, mas com as pessoas de modo geral. Porém, é provável que eu tenha ficado deveras chateadas com o show que eu já tinha me programa há um tempo para ver e não vi.
Retrocedendo, sobre o Longhi e a greve dos professores, não si se a paralisação é deles é valida. Acho que eles sentem-se injustiçados, não todos, alguns deles. Porque, infelizmente, não são todos que tem boas intenções com a greve. Sabemos bem que muita gente que trabalha em serviço público faz para ter serviço mole, já que no serviço privado, teoricamente, se não cumprimos nossa obrigação somos imediatamente “despejados”. Entretanto, no serviço público não é tão mole assim. Enquanto milhões de pessoas rezam todos os dias, pedindo ao Deus que nem sabem bem se existe ou não, emplorando para que um trabalho surja, assim, repentinamente, outras ficam lá “coçando” durante o trabalho e não podem ser demitidas assim, do nada, porque prestaram concurso público. Desculpem-me, mas eu me indigno sim! Me indigno porque todos os movimentos sociais que têm boas chances de darem certo e chegarem a algum lugar contaminam-se pelo caminho, assim como os políticos, assim como o nosso “querido” Lula.Porém, vejo muita gente reclamando do ponto de vista dos alunos, que ficarão sem aula e enquanto muitos deles vão para a televisão dizer que lamentam a greve porque estão perdendo dias de aula, quando, na verdade, não estam nem aí para o aprendizado. De novo, não estou generalizando. Há, sim, exceções.
É isso tudo o que me incomoda. E o que me deixou deveras “atormentada” na formatura. Um monte de gente jurando amor e dedicação a profissão, quando muitos já se formam com o intuito de passar os outros para trás ou, quem sabe, ganhar a vida de um jeito fácil. Na verdade, muitos nem estão preocupados com a educação. Quem dera estivessem. A verdade é que é minúscula a quantidade de gente daquela turma que realmente lutará até o fim dos seus dias pelo que acha correto. De dinheiro todo mundo precisa, mas o que vale é quem une seus interesses e as coisas pelas quais quer lutar. E pra isso é preciso muita sabedoria.
Já falei de milhares de coisas num texto só. Talvez pareçam desconexas, mas, na minha cabeça, estão deveras ligadas entre si. Enfim, perdi meu show para ouvir milhares de idelizações de coisas que talvez jamais se realizem. Pelo menos, estava muitíssimo bem acompanhada. Melhor, impossível.
Um comentário:
eu ia comentar, mas...pô, o que que é isso? falo desses "comentários"...puxa.
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