Os dias passam quase sempre iguais, lugar comum, e nós incansavelmente em busca de novidades revitalizantes. Chega à noite depois de mais um dia duro de trabalho ou de estudo e dessa egoísta realidade. Deitamos a cabeça no travesseiro em busca de um consolo fictício. Queremos sonhos bons, pelo menos isso. Torcemos para não cair na rotina de nossas consciências, que ao menos o inconsciente nos salve dessa e sirva-nos de fuga. Os olhos fecham-se, mas o sono não vem. Permanecemos ali por algum tempo, revirando-nos, remoendo a realidade e as verdades das quais não queremos mais lembrar. Viramos de um lado para o outro, escondemos o rosto embaixo das cobertas, fechamos mais uma vez os olhos e nada. Até que o corpo cansado não se agüenta mais. Assim, desistimos de pensar, embora saibamos não ser possível. Sem esperar, adormecemos e agradecemos por isso, pedindo que o outro dia seja diferente, que nós mesmos estejamos mudados ou que apenas consigamos ver o mundo com outros olhos. Dormimos boas longas horas visando descansar, embora muitas vezes acordemos ainda mais cansados porque as longas horas pareceram apenas curtos minutos. Então, a claridade do dia nos tira dos tão almejados sonhos bons e percebemos que eles não foram agradáveis o suficiente. Tentamos tirar forças, não se sabe de onde, para levantar. Ficamos alguns minutos tentando relembrar aqueles sonhos e vemos que não foram nada diferentes da nossa cruel realidade. Por vezes situações piores que as vivenciadas que nos fazem lembrar que não estamos tão mal assim. Eis que acabamos com medo de que o dia seja realmente diferente como desejamos e de que nossos sonhos ruins decidam vir à tona. Desse jeito, enrolamos mais algum tempo. Entretanto, já esperamos demais. Por fim, imaginamos uma falsa mão que nos arranque da cama e quando nos damos conta já estamos em pé. Ainda que não preparados, de cabeça erguida para encarar mais um desses mesmos dias.
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