Desde outubro do ano passado, quando li pela primeira vez uma crítica a respeito do filme italiano Caos Calmo, desejava imensamente assisti-lo. Porém, minha falta de disponibilidade de horários e a insuficiência de opções de sessões nas salas de cinema só me permitiram esse desfrute no último fim de semana. Apesar de já ter algumas informações sobre o filme, ele não deixou de me surpreender.
Como todos comentavam (e ainda comentam) que apesar da direção de Antonio Luigi Grimaldi – que, aliás, teve com esse filme sua estréia no circuito comercial brasileiro – a obra era Nanni Moretti da primeira à última cena, acabei, confesso, esperando um segundo O Quarto do Filho, filme dirigido e protagonizado por Moretti que ganhou a Palma de Ouro de Melhor Filme no Festival de Cinema de Cannes em 2001. Aliás, não é à toa a comparação com os filmes de Moretti, pois além de protagonizar Caos Calmo, foi ele quem teve a idéia de colocar a história do livro homônimo de Sandro Veronesi nas telonas e quem, ao lado de Laura Paolucci e Fancesco Piccolo, roteirizou a história. Entretanto, apesar do semelhante tema abordado por ambos – a seqüência da vida após a perda de alguém do núcleo familiar –, Caos Calmo aborda o assunto com menos dureza, de uma forma mais amena, oscilando entre momentos de gana em cair ao pranto e cenas que provocam gargalhadas extasiantes, enquanto o filme dirigido por Moretti é total imersão no sofrimento.
Vencedor dos prêmios David Di Donatello de melhor música, canção original e ator coadjuvante, Caos Calmo conta a história de Pietro Paladini (Nani Moretti), um bem sucedido profissional da área audiovisual, cuja esposa morre no exato momento em que ele e seu irmão salvam duas mulheres estranhas que estão se afogando na praia. A partir disso, desencadeia-se um período de angústia que é, entretanto, vivenciado em meio a uma tremenda calmaria e que não poderia ser melhor traduzido pelo perfeito nome do filme, apesar da aparente contradição. Alguns fatos indicam que Pietro não era um pai, tampouco um marido, muito presente, o que aparentemente lhe causa sensação de culpa, principalmente em relação à filha Claudia (Blu Di Martino). Por isso, ele decide estar o resto dos seus dias o mais próximo possível da menina, inclusive enquanto ela está na escola, passando boa parte de seu dia sentado num banco da praça localizada exatamente em frente à janela da sala de aula da filha.
Naquela praça, ocorre a maioria das ações da vida de Pietro, o que me parece uma ironia, talvez até uma sátira, em relação à vida corrida que grande parte das pessoas vive atualmente. A empresa onde Pietro trabalha está passando por uma importante transição, com a qual ele não está nem um pouco preocupado e, ainda assim, seus colegas e chefes se dispõem a se deslocar da empresa até a praça para discutir questões ligadas ao trabalho. Pietro parece, agora, mais preocupado em visualizar o mundo e as pessoas a sua volta, além de administrar sua atual situação particular, a qual todos parecem compreender e aceitar muito bem, demonstrando voluntariedade raramente vista hoje em dia.
Todas essas situações nos dão de alguma forma subsídios para refletir sobre a grande questão do filme, que está justamente ligada à tranqüilidade daquela vida após um grande momento de perturbação, o que incita questionamentos sobre qual seria o real sentimento que assola tanto Cláudia quanto Pietro. Estariam eles sofrendo calados ou aquela morte não chegou a ser um baque em suas vidas? Isso só poder ser refletido, porém, vendo de perto as grandes contradições de seus personagens, que é o que os torna tão profundos e tão reais. Essas contradições acabam sendo exacerbadas em Pietro na cena mais polêmica do filme, uma cena de sexo que foi tremendamente criticada em seu lançamento na Itália. Além de destoar do restante da história, não há justificativas no enredo para seu desenvolvimento e traz à tela um Pietro completamente oposto daquele que vem sendo apresentado a nós durante todo o filme.
Como todos comentavam (e ainda comentam) que apesar da direção de Antonio Luigi Grimaldi – que, aliás, teve com esse filme sua estréia no circuito comercial brasileiro – a obra era Nanni Moretti da primeira à última cena, acabei, confesso, esperando um segundo O Quarto do Filho, filme dirigido e protagonizado por Moretti que ganhou a Palma de Ouro de Melhor Filme no Festival de Cinema de Cannes em 2001. Aliás, não é à toa a comparação com os filmes de Moretti, pois além de protagonizar Caos Calmo, foi ele quem teve a idéia de colocar a história do livro homônimo de Sandro Veronesi nas telonas e quem, ao lado de Laura Paolucci e Fancesco Piccolo, roteirizou a história. Entretanto, apesar do semelhante tema abordado por ambos – a seqüência da vida após a perda de alguém do núcleo familiar –, Caos Calmo aborda o assunto com menos dureza, de uma forma mais amena, oscilando entre momentos de gana em cair ao pranto e cenas que provocam gargalhadas extasiantes, enquanto o filme dirigido por Moretti é total imersão no sofrimento.
Vencedor dos prêmios David Di Donatello de melhor música, canção original e ator coadjuvante, Caos Calmo conta a história de Pietro Paladini (Nani Moretti), um bem sucedido profissional da área audiovisual, cuja esposa morre no exato momento em que ele e seu irmão salvam duas mulheres estranhas que estão se afogando na praia. A partir disso, desencadeia-se um período de angústia que é, entretanto, vivenciado em meio a uma tremenda calmaria e que não poderia ser melhor traduzido pelo perfeito nome do filme, apesar da aparente contradição. Alguns fatos indicam que Pietro não era um pai, tampouco um marido, muito presente, o que aparentemente lhe causa sensação de culpa, principalmente em relação à filha Claudia (Blu Di Martino). Por isso, ele decide estar o resto dos seus dias o mais próximo possível da menina, inclusive enquanto ela está na escola, passando boa parte de seu dia sentado num banco da praça localizada exatamente em frente à janela da sala de aula da filha.
Naquela praça, ocorre a maioria das ações da vida de Pietro, o que me parece uma ironia, talvez até uma sátira, em relação à vida corrida que grande parte das pessoas vive atualmente. A empresa onde Pietro trabalha está passando por uma importante transição, com a qual ele não está nem um pouco preocupado e, ainda assim, seus colegas e chefes se dispõem a se deslocar da empresa até a praça para discutir questões ligadas ao trabalho. Pietro parece, agora, mais preocupado em visualizar o mundo e as pessoas a sua volta, além de administrar sua atual situação particular, a qual todos parecem compreender e aceitar muito bem, demonstrando voluntariedade raramente vista hoje em dia.
Todas essas situações nos dão de alguma forma subsídios para refletir sobre a grande questão do filme, que está justamente ligada à tranqüilidade daquela vida após um grande momento de perturbação, o que incita questionamentos sobre qual seria o real sentimento que assola tanto Cláudia quanto Pietro. Estariam eles sofrendo calados ou aquela morte não chegou a ser um baque em suas vidas? Isso só poder ser refletido, porém, vendo de perto as grandes contradições de seus personagens, que é o que os torna tão profundos e tão reais. Essas contradições acabam sendo exacerbadas em Pietro na cena mais polêmica do filme, uma cena de sexo que foi tremendamente criticada em seu lançamento na Itália. Além de destoar do restante da história, não há justificativas no enredo para seu desenvolvimento e traz à tela um Pietro completamente oposto daquele que vem sendo apresentado a nós durante todo o filme.
********************************************************************
trailer: