Este blog é composto basicamente por críticas de cinema. Porém, esporadicamente você poderá encontrar aqui comentários sobre qualquer coisa que acontece no mundo e que sai na mídia, além de contos. Já prometi milhões de vezes atualizar este espaço pelo menos uma vez por semana, mas como, até hoje, não consegui, dá uma olhada de vez enquando. De um mês não passa! No mais, comente, pois é pelo que você acha que eu posso avaliar meu trabalho e tentar melhorar a cada dia.
terça-feira, maio 27, 2008
Evasão ou invasão?
Há muito tempo os raios solares não transpassavam as janelas da velha mansão. A sensação de abandono que transmitia à cidade afastava os habitantes de seu entorno. As cortinas escuras nunca eram abertas. A trepadeira, que decorava a frente da casa, já tomava conta das paredes laterais e das aberturas por falta de poda. No centro da imensa sala fria e escura, encolhia-se um ser de quem ninguém mais se recordava da existência. Joaquim lutava, com a pouca força que lhe restava, para driblar o barulho dos morcegos que disputavam espaço no forro da casa. À noite, o barulho de seus movimentos era ensurdecedor. Diariamente, debatiam-se em busca de saída para a noite do centro sujo e abandonado da cidade. Confundiam-se. Saiam por buracos desenhados por cupins na madeira do forro e acabavam dentro da velha casa. Perdiam-se no interior da sala – ainda mais escura e melancólica do que à noite da cidade. Buscavam desesperadamente fugir do clima aterrorizante da mansão. Joaquim acordava com o zunido dos bichos. Arrastava-se até a porta e a abria por rápidos segundos. Espantava da residência as únicas e poucas vidas que ainda existiam naquela mansão. Exatamente como fizera há alguns anos.
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